Querida presidenta Dilma, eleve a Secretária de Direitos Humanos para o status de Ministério. Maria do Rosário Ministra. A nomenclatura deve priorizar a política dos direitos humanos como ação de estado. E não mera política de governo.
Propus a mais de duas décadas, como Secretario da Imaginação da Administração Popular de Fortaleza, na primeira gestão petista no Brasil, com a emblemática prefeita Maria Luiza Fontenele, transformar via decreto, a Praça 31 de Março, marco do golpe militar, em Praça dos Trabalhadores.
A primeira iniciativa governamental de reconstituir a dignidade de nossa história contemporânea, acerca da ditadura. Na época, não se fazia o jogo das alianças e coalizões partidárias, hoje é banal.
Existia bem demarcado o campo político de esquerda e a velha e tradicional casta das elites. Foi tempo de resistência e luta, tempos difíceis até para produzir uma placa com o nome: Praça dos Trabalhadores; e afixar no coração da praia do futuro.
O boicote das elites ao primeiro governo municipal petista, não impediu a ousadia do primeiro Secretario de Cultura Claudio Pereira, transformar as celas na Comissão de Anistia Vanda Sidou, na casa onde atuavam os torturadores da Operação Bandeirantes (OBAN). Foram gestos simbólicos e pioneiros na busca da Memória e da Verdade sobre o sombrio período Militar.
O aparelho clandestino da extrema direita, onde os que resistiram ao regime de exceção foram presos, torturados, executados ou encaminhados para outros centros de tortura, passou a ser a sede da Fundação Cultura de Fortaleza. E o projeto original é reverenciar o Memorial de Anistia Vanda Sidou. O projeto ainda se encontra petrificado na placa de bronze fincada como marco histórico e abandonado pela incúria reinante de gestores insensíveis ao resgate de nossa história. Um dos portões de ferro das celas desapareceu! E sequer fizeram um boletim de ocorrência.
Hoje as celas são depósito de material de limpeza e água. Há muito tempo que esperamos ver lá: documentários, estantes e álbuns retratando a vida dos que por lá sofreram nas garras dos gorilas da ditadura. Novas gerações precisam conhecer o nosso passado histórico, inclusive com as parafernálias do mal: cadeira do dragão, maquininhas de choques elétricos, cordas, capuzes, alicates, mordaças, pinças odontológicas, injeções ácidos, tonéis de água.
Fazer renascer a idéia do Memorial Wanda Sidou é uma ação típica na fundamentação da política nacional dos direitos humanos. Vanda Sidou deve ser um centro de estudo histórico, reunindo documentos do período da ditadura no Ceará, incentivando junto às universidades pesquisas e ofertando bolsas de estudos...
As imagens dos torturadores como o do Laudelino Coelho, deve fazer parte desse acervo. Não é suficiente reunirmos a imagem e a história dos nossos sobreviventes, combatentes, torturados, mortos e desaparecidos. Pois assim só teríamos a metade da história e o que ainda falta pesquisar. Temos de saber também o que é feito dos algozes. Enfim, tirá-los do anonimato da história. Esta casa da tortura da Operação Bandeirantes(OBAN) está localizada à beira do riacho Pajeú, sede da Secretaria de Cultura e Fundação Cultural, Esporte e Turismo de Fortaleza.
Quando falo essas idéias para a responsável, na secretaria da prefeitura escuto é riso e desdém. Mas tenho a verde esperança de tocar no azul eterno dos olhos da ministra Maria do Rosário, e sua ternura consiga abrir os olhos dos que devem agir e realizar. Recursos existem, falta decisão, gênio e vontade política.
Espero da ministra Maria do Rosário conseguir convencer a prefeita Luizianne Lins do acerto de fazer permanecer os antigos, verdadeiros e merecidos nomes das ruas. A Avenida Perimetral, que o hábito e a consciência popular preserva, não pode ser rebatizada num governo de esquerda de Av. Presidente Costa e Silva. Só não me falta é vontade de apelar para o direito do consumidor: querem me passar um ditador por Presidente! Não quero consumir essa farsa como verdade histórica.
E mais, o povo de Fortaleza jamais vai deixar de chamar a Avenida Leste Oeste de Avenida Leste Oeste e não atenderá ao apelo inadmissível de placas a denominá-la de av. Presidente Castelo Branco. Lembra-me a poesia do Manuel Bandeira: Rua do Sol / Rua da Aurora / Tenho medo que hoje / Se chame Dr. Fulano de tal. Quando vejo o nome de ditadores espalhados pela minha cidade tenho ânsias de vomitar.
Mas o que agride a decência na consciência política da Fortaleza vermelha é a promoção feita recentemente, acredite Ministra o antigo Centro Social Urbano Presidente Médici na Avenida Borges de Melo, que fez a prefeita Maria Luiza Fontenele denominá-lo Centro Social Urbano da Av. Borges de Melo. A prefeita Maria Luiza Fontenele nunca permitiu sua gestão denominar nome de ditador a titular documentos oficiais.
Agora, pasmem a edificação é promovida a Centro de Cidadania Presidente Medici em letras garrafais. É uma absurda afronta. E o general Medici deve estar se estrebuchando na tumba a provocar tsunamis, erupções vulcânicas e terremotos pelo mundo afora, ao ver seu nome colado à cidadania.
Como vou explicar isso para minhas netas?
Um comentário:
Tudo é 1 é o topo da sabedoria. É a verdade incontestável, embora a ilusão do eu e a fôrça do culto da personalidade. A China vai subindo com a ordem coletiva e a economia ocidental - em frangalhos - no contexto da sociedade competitiva. Para onde vamos ? Imitar a economia em declínio - que privilegia o individualismo - ou aprender que a nossa coesão social é muito importante para não nos submeter, nem ao comunismo chinês e nem às práticas hegemônicas e deletérias do capitalismo selvagem. = PROFETA GENTILEZA TEM JUÍZO !!!
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