Por José Dirceu
A revista Veja publicou, nesta semana, matéria de capa na qual se utilizou de recursos ilegais para obter informações: primeiro, houve tentativa de invasão de domicílio e crime de falsidade ideológica; depois, violação de privacidade. Abalos à própria credibilidade e verdadeiros atentados à atividade jornalística, os atos de Veja constituem caso de polícia e grande preocupação quanto ao respeito aos direitos fundamentais do Estado Democrático de Direito. Com métodos absurdos e distantes do que é jornalismo, Veja incumbiu um de seus “repórteres” a tentar entrar no meu quarto de hotel, fingindo ser o dele e pedindo a uma camareira para abri-lo. Ela se recusou, informou a direção e o hotel registrou a tentativa de violação de domicílio em boletim de ocorrência.
O mesmo “repórter” tentou, posteriormente, se passar por um assessor da Prefeitura de Varginha e disse que precisava deixar em meu quarto “documentos relevantes”. Foi descoberto novamente.
Mas a revista decidiu publicar a farsa e —pasmem!— veiculou imagens dos corredores do hotel, de uma câmera oculta plantada no andar em que me hospedei.
A espionagem de Veja ultrapassa todos os limites e constitui um atentado à democracia —lembra os tempos de ditadura. Viola o princípio constitucional da intimidade, não apenas minha e das pessoas com quem me encontrei —deputados, senadores, governadores e ministros de Estado—, mas de todos os demais hóspedes.
Infringe ainda nosso Código Penal. Colide com princípios básicos da democracia, como o direito de qualquer cidadão de se reunir. Quando esses direitos fundamentais são ameaçados dessa forma e prevalece o silêncio, toda a sociedade está em risco.
Confrontada com os fatos, Veja se comportou como se tais práticas fossem legais e desejáveis do ponto de vista jornalístico. Mas não são, como ressaltaram vários sites e blogs —Terra, UOL, Brasil 247, Vermelho e Sul21—, denunciando o caráter criminoso dos atos praticados pela revista, além das inúmeras manifestações de apoio que recebi.As emissoras Record e SBT noticiaram o episódio. Procurada para opinar, Veja se recusou a expor suas razões.
Há pouco mais de um mês, o mundo se surpreendia com a revelação de que o tabloide britânico News of The World se utilizou diversas vezes de expedientes ilegais para obter informações sobre personalidades e altas autoridades políticas. Lá, o News of The World fechou as portas e vários de seus dirigentes estão sob investigação. Aqui, o caso está nas mãos da Polícia Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal e não podemos deixá-lo cair no esquecimento, é preciso haver punições.
As práticas tão distantes de um verdadeiro jornalismo investigativo deveriam incomodar a todos os que trabalham por uma atividade jornalística séria e comprometida com a busca da isenção. Com seu silêncio ensurdecedor, Veja mantém as vestes de polícia política que usou para me espionar na matéria-farsa que produziu.Definitivamente, a ação da Veja revela uma perspectiva preocupante. Como bem pontuou Alberto Dines, em artigo no Observatório da Imprensa sobre o caso, “a matéria recoloca o jornalismo político brasileiro na Era da Pedra Lascada”.Será essa a ponta do iceberg de um jornalismo de delitos, tal qual o News of The World? Se queremos evitar esse enredo policial, com marcas dos períodos de exceção, é preciso cobrar a quebra desse silêncio ensurdecedor.
José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
2 comentários:
“Um Estado sem valores é uma quadrilha” (Santo Agostinho) – Brasil Dignidade
"Na soleira da desmoralização dos Poderes Republicanos, regozijam-se os “mensaleiros” pela caducidade da acusação de formação de quadrilha. Os meliantes arrolados ou não, festejam juntamente com os canalhas ainda no Poder ou fora dele. É a festa do lulopetismo-fisiológico escarnecendo a ética. Na antessala dessa imoralidade, alguns hipócritas ousam abonar a não manifestação do ministro “tardinheiro” da mais alta Corte que deveria ter relatado o caso, evidentemente isto em tempo hábil a não favorecer quem quer que fosse pela prescrição de acusações. Debocham da inteligência alheia, pois Justiça escarrou na moral e na ética da nação. Impunidade são as esporas que estimulam o mais assombroso achaque ao erário público da nossa história republicana; aliás, somente através da impunidade e da Justiça indulgente, é que se comente crime maior ao interesse público do que aquele de dilapidar o erário.
O fisiologismo assalta todos os cantos da gestão pública, num prodigo da sordidez e de um desregramento sem precedentes. Não há instituição que não seja achincalhada em qualquer nível, em qualquer autarquia ou órgão mequetrefe que seja. Acumulam-se denúncias de corrupção, prevaricação, nepotismo, negociatas, enfim toda ordem de crimes. Trata-se da prostituição da vida pública que foi institucionalizada por um ignóbil, porém sapiente na arte de delinquir com altíssima periculosidade. Lesador escrachado da cidadania como forma a subverter valores e fez perdurar no poder seus anseios de ganancia e sordidez moral. Qualquer cidadão brasileiro, instintivamente vê hoje em qualquer autoridade um ente corrupto e aproveitador do cargo que possui; porém a maioria prefere a asna mansidão ao protesto.
É manifesto, e incontroverso o lastimável estado da cidadania atolado na inércia e na mediocridade. Os estudantes, ora ao que se vê, nem mais os jovens em espíritos o são; padecem na lhaneza parva dos vícios que o status quo do mundo que preferem viver lhes impõe. A classe média e trabalhadora abate-se na imbecilidade sindical e na inércia vulgar do consumismo. O futuro está ao sabor dos ventos.
Na ausência de decência e de homens públicos que possam liderar a nação, nossos espíritos elevam-se em voos e orações ao Ser Superior em lhe pedir proteção e forças para obstar tamanha barbárie acometida contra a nação exatamente por aqueles que deveriam através de seus atos protege-la e exemplificar; contudo, nada mais fazem do que seguir a cartilha deixada pelo vulgar apedeuta.
O padrão e conveniência da vida pública brasileira “pós lula”, conduz ao estado de governabilidade tirânico, pois se consagra na “sua lei e seus valores”, e que absolutamente nada exprime ao entendimento e aquiescência da maioria, muito menos em princípios, mas sim em meios quaisquer que justifiquem fins aloprados à nação. São as oligarquias mais tacanhas, opressoras e menos respeitáveis aos interesses da sociedade que governam. Põem, e dispõem, mandam, e desmandam em tudo são as negociatas da república que financiam a corrupção de um lado estando o Poder da “base de apoio” e a dita governabilidade que desde já devemos atirá-la ao fosso; e de outro lado os grandes rentistas, obreiros de um país sem infraestrutura sem lei, sem moral, sem política e com governo desqualificado juridicamente falando dentro de um estado democrático."
Oswaldo Colombo Filho
O Estado de S.Paulo 29/08/2011
as mafias do pig devem ser punidas, do contrário a nossa democrACIA ESTARÁ BREVEMENTE INDO PARA O ESPAÇO.
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