domingo, 30 de outubro de 2011

Argentina condena “Anjo louro da morte” à prisão perpétua

France Press

O ex-oficial da Marinha de Guerra argentina Alfredo Astiz, símbolo da repressão criminosa durante a ditadura (1976–1983), foi condenado na quarta-feira, dia 26, à prisão perpétua, por crimes, torturas e sequestros, informou o Tribunal.

“Condeno Alfredo Astiz à pena de prisão perpétua por privação ilegítima de liberdade, tortura e homicídio”, foi o veredicto do tribunal que julgava 18 militares repressores da ditadura, a maioria ex-membros da Marinha.

Astiz, conhecido como o “Anjo louro da morte”, já tinha sido condenado à prisão perpétua à revelia na França e na Itália, e é considerado um agente emblemático da repressão durante a ditadura.

Astiz, 59 anos, que chegou preso ao julgamento, é acusado de cinco homicídios, 12 privações ilegais de liberdade e de torturas realizadas na Escola de Mecânica da Armada (Esma).

A Esma, que hoje se transformou em um museu da memória, foi um dos mais emblemáticos centros de extermínio da ditadura, por onde passaram 5 mil prisioneiros, dos quais sobreviveram apenas uma centena.

A promotoria havia pedido prisão perpétua para o ex-capitão da Marinha, enquanto a defesa solicitou sua absolvição alegando “obediência devida”.

O ex-capitão se infiltrou entre familiares de desaparecidos, é acusado do sequestro de 12 pessoas entre os dias 8 e 10 de dezembro de 1977, em uma operação repressiva conhecida como o “grupo de Santa Cruz”, em referência à igreja portenha de onde foram levados a maioria deles.

Entre as vítimas, torturadas na Esma e depois jogadas vivas no mar, nos chamados “voos da morte”, estão a fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, e as monjas francesas Leónie Duquet e Alice Domon.

Os restos de Duquet e Villaflor e de outras três mães de desaparecidos apareceram no fim de 1977 em uma praia ao sul de Buenos Aires e foram enterrados como indigentes até que em 2005 puderam ser identificados. Domon permanece desaparecida.

Sobre Astiz pesam acusações à revelia à prisão perpétua na França em 1990 e na Itália em 2007. Nesse julgamento oral, Astiz é acusado também do sequestro e desaparecimento do escritor e jornalista Rodolfo Walsh, sequestrado em 25 de março de 1977.

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