O
ex-oficial da Marinha de Guerra argentina Alfredo Astiz, símbolo da repressão
criminosa durante a ditadura (1976–1983), foi condenado na quarta-feira, dia 26,
à prisão perpétua, por crimes, torturas e sequestros, informou o
Tribunal.
“Condeno Alfredo Astiz à pena de prisão perpétua por
privação ilegítima de liberdade, tortura e homicídio”, foi o veredicto do
tribunal que julgava 18 militares repressores da ditadura, a maioria ex-membros
da Marinha.
Astiz, conhecido como o “Anjo louro da morte”, já tinha
sido condenado à prisão perpétua à revelia na França e na Itália, e é
considerado um agente emblemático da repressão durante a ditadura.
Astiz, 59 anos, que chegou preso ao julgamento, é acusado
de cinco homicídios, 12 privações ilegais de liberdade e de torturas realizadas
na Escola de Mecânica da Armada (Esma).
A
Esma, que hoje se transformou em um museu da memória, foi um dos mais
emblemáticos centros de extermínio da ditadura, por onde passaram 5 mil
prisioneiros, dos quais sobreviveram apenas uma centena.
A
promotoria havia pedido prisão perpétua para o ex-capitão da Marinha, enquanto a
defesa solicitou sua absolvição alegando “obediência devida”.
O
ex-capitão se infiltrou entre familiares de desaparecidos, é acusado do
sequestro de 12 pessoas entre os dias 8 e 10 de dezembro de 1977, em uma
operação repressiva conhecida como o “grupo de Santa Cruz”, em referência à
igreja portenha de onde foram levados a maioria deles.
Entre as vítimas, torturadas na Esma e depois jogadas
vivas no mar, nos chamados “voos da morte”, estão a fundadora das Mães da Praça
de Maio, Azucena Villaflor, e as monjas francesas Leónie Duquet e Alice
Domon.
Os
restos de Duquet e Villaflor e de outras três mães de desaparecidos apareceram
no fim de 1977 em uma praia ao sul de Buenos Aires e foram enterrados como
indigentes até que em 2005 puderam ser identificados. Domon permanece
desaparecida.
Sobre Astiz pesam acusações à revelia à prisão perpétua
na França em 1990 e na Itália em 2007. Nesse julgamento oral, Astiz é acusado
também do sequestro e desaparecimento do escritor e jornalista Rodolfo Walsh,
sequestrado em 25 de março de 1977.
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