UE enviará missão ao Brasil para pedir ajuda no resgate
Objetivo é ampliar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira com recursos de países emergentes; visita começa pela China
A Europa prepara missão ao
Brasil para convencer o governo e potenciais investidores a fazer parte
do resgate da zona do euro. Ontem, a União Europeia chegou a um acordo
sobre o pacote cujo objetivo é blindar a Europa da crise, perdoar 50% da
dívida grega e exigir recapitalização de bancos.
Para conseguir isso, terá de
encontrar US$ 1,4 trilhão para abastecer o que vem sendo chamado de
"braço armado" da política de resgate da UE. A peregrinação começou
ontem pela China.
O Fundo Europeu de Estabilidade
Financeira (Feef) confirmou que "a viagem ao Brasil está sendo
considerada", disse Christof Roche, porta-voz da entidade, com sede em
Luxemburgo. Não há ainda data para a missão. Em Bruxelas, diplomatas
europeus confirmaram que a meta é uma visita antes do fim do ano. A
operação será liderada pelo diretor do fundo, Klaus Regling.
Um dos três pilares do acordo de
ontem é ampliar o Feef dos atuais 440 bilhões para mais de 1 trilhão.
Falta definir como captar esses recursos. Uma das opções é criar um
organismo que, sob gerência do FMI, sairá ao mercado em busca de
recursos. José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, espera
que "países com grandes superávits em suas contas" contribuam. Segundo
ele, vão ajudar a estabilizar a economia mundial.
O Feef já fornece 17,7 bilhões
para a Irlanda, 26 bilhões para Portugal e fez duas emissões ao
mercado. O governo japonês comprou quase um quinto dos bônus emitidos.
Para o segundo pacote para a Grécia, de 130 bilhões, o Feef poderá ser
chamado a oferecer 70 bilhões. O fundamental é construir uma parede
para evitar que a crise chegue a Itália e Espanha.
Na viagem da presidente Dilma
Rousseff à Europa há duas semanas, o mecanismo foi apresentado à
delegação brasileira, mas nenhum comentário foi feito.
Hoje, Regling estará na China, a
grande esperança dos europeus. Ontem, poucas horas após fechar o
acordo, o presidente francês Nicolas Sarkozy telefonou para o presidente
Hu Jintao na esperança de conseguir seu apoio ao fundo de resgate.
Sarkozy ainda vai usar a reunião
do G-20 que ele preside na semana que vem em Cannes para promover o
Feef. Na prática, a forma encontrada seria a de fortalecer o FMI que,
então, colocaria seu peso no resgate europeu.
Hu indicou esperar que as
medidas ajudem a estabilizar os mercados e concordou em "cooperar para
garantir que a reunião do G-20 possa dar contribuição decisiva para
garantir o crescimento e estabilidade global". Ontem, Pequim saudou o
novo acordo, indicando que daria "confiança aos mercados".
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