Laryssa Borges — Terra - Via Jornal do Brasil
Alvejado por denúncias de corrupção e desvio de recursos por meio de organizações não-governamentais (ONGs), o ministro do Esporte, Orlando Silva, encaminhou carta a militantes do PCdoB, partido ao qual é filiado, para se defender das acusações. Aos "camaradas", Orlando resumiu: "me sinto indestrutível, porque contigo, meu partido, não termino em mim mesmo."
O ministro, que retorna nesta terça-feira à Câmara dos Deputados para falar da Lei Geral da Copa sem, contudo, se furtar de dar explicações sobre o suposto esquema de fraudes envolvendo a pasta, afirmou no documento, lido na 17ª conferência do partido, que as acusações contra ele são "ataques violentos, mentiras e calúnias sem provas". O chefe do Esporte chegou a atribuir as denúncias contra ele e o PCdoB ao "ódio de classe das forças conservadoras".
"Repudiamos com todas as nossas forças a campanha difamatória veiculada na grande mídia nacional que, sem nenhum pudor, quer macular 90 anos de uma história de lutas. Não seremos intimidados. Não aceitaremos o roteiro traçado pelas forças conservadoras", disse o ministro.
Ministro disse haver ódio de classe das forças conservadorasMinistro disse haver ódio de classe das forças conservadoras
Aos militantes, Orlando Silva voltou a afirmar que as acusações contra ele representam "linchamento político" e "execração pública". "Não nos iludamos, o objetivo final é derrotar o projeto transformador liderado pela presidente Dilma", observou ele. O denunciante do suposto esquema do qual Orlando Silva faria parte, João Dias Ferreira, foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado a um programa da pasta.
As acusações contra Orlando Silva
Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.
João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.
O ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça. Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados.
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