"Caveirão" da PM no pé do Morro do Vidigal. Tão castigado pelos fuzis dos marginais de outras favelas, ele não levou um só tiro na operação do último domingo |
Por Marcelo Migliaccio - Blog Rio Acima
"A Rocinha é nossa", berra em manchete o jornal que tem nome de biscoito de polvilho.
"Nossa" de quem?
Pensei que iriam hastear a bandeira da TV Biscoito no alto do morro depois da invasão militar. Blindados da Marinha e caveirões do Bope e do Choque para enxotar meia centena de bandidos. Os outros cinquenta do bando ficaram por lá mesmo, pois não têm ficha na polícia e vão passar o dia sentados no meio-fio, olhando para os PMs de cara feia.
O ufanismo na mídia foi maior que o do tricampeonato de 70. Rocinha, ame-a ou deixe-a! Ninguém segura essa favela! A mesma imprensa que alardeava a existência de um exército com 400 fuzis, metralhadoras anti-aéreas e etc teve que reportar uma invasão tranquilíssima. Viu? Bem-feito pra você que madrugou no domingo esperando ver um grande tiroteio ao vivo. Quem mandou acreditar na revista semanal tucana que pensa que leitor é cego?
Mas o mais chocante nessa cobertura foi a imagem feita do helicóptero da polícia quando o traficante Nem foi tirado do porta-malas do carro em que fugia.
Aquilo é uma imagem pública, foi feita de dentro de um veículo do Estado, por um equipamento do estado, operado por funcionários públicos pagos pelo contribuinte.
Era uma imagem que deveria ter sido entregue a toda a imprensa simultaneamente, talvez numa entrevista coletiva, pelo próprio secretário de Segurança Pública do Rio.
Mas, não, foi dada ao Fantástico, onde foi exibida em primeira-mão na noite de domingo. As outras redes de TV só não reclamaram porque fariam o mesmo se pudessem.
Aaahhh, agora entendi quem é o "nossa" da manchete do jornal biscoito.
São eles mesmos.
A Rocinha agora é das Organizações Biscoito de Polvilho!
A Rocinha só, não... o Alemão, o Carnaval, o futebol, o Papai Noel, o Réveillon em Copacabana, o Rock in Rio, o Roberto Carlos, o governo do Estado, a prefeitura...
Só a Presidência da República não é deles. Há mais de oito anos. Mas, diariamente, eles lutam para recuperá-la para seu braço político, o PSDB. Especialistas em marolas e em acusações sem provas, vomitam seu noticiário viciado e deturpado, que não informa, por exemplo, que o governo federal ajuda o Rio a fazer 70 mil casas populares em favelas muito mais miseráveis que a Rocinha.
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