quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Democracia, violência e participação na visão de Marilena Chaui @dilmabr #topblog

Um plenário lotado recepcionou a professora de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Marilena Chaui, nesta quarta-feira (7/12), no quarto e último “Debates Capitais” do ano, da Câmara Municipal de Porto Alegre. Cerca de 350 pessoas compareceram ao Plenário Otávio Rocha para ouvi-la falar sobre “Democracia, violência e participação”. Ao final, foi aplaudida de pé. A presidente da Casa Legislativa, vereadora Sofia Cavedon (PT), entregou à pensadora uma placa de “reconhecimento do povo porto-alegrense, no ano em que comemora seus 70 anos, por seu relevante trabalho filosófico e de reflexão sobre cultura brasileira, ética, política e democracia”.

“Esta Casa procura estar no cotidiano da cidade, por isso, fazemos questão de momentos como este, de reflexão, de aprofundamento político. Era um sonho trazer Marilena. A sua trajetória de mulher construída pela democracia, a sua pesquisa é muito importante para o Brasil. Neste momento em que vivemos um amplo debate sobre a estrutura do estado brasileiro, Marilena é uma das mais lúcidas pensadoras que nos pode apontar um caminho”, afirmou Sofia.
Marilena agradeceu a amizade oferecida citando Aristóteles. “Aristóteles diz que a diferença entre o divino e o humano é que o divino é perfeito, e os humanos são finitos, carentes, precisam uns dos outros. Pelas relações, os humanos são capazes de imitar a perfeição do divino. E essa forma é a amizade. A amizade é a figura humana do divino. Agradeço então a amizade que me é oferecida aqui.” E acrescentou: “quem vem ao Rio Grande do Sul , quem vem a Porto Alegre, tem obrigação de falar em participação, porque é um exemplo para o Brasil e para o mundo”.
O secretário de estado da Cultura, Luiz Antonio de Assis Brasil, disse que apresentar Marilena Chaui, uma figura central do pensamento brasileiro da segunda metade do século XX e do início do século XXI, era um exercício de obviedade. Ele destacou o papel mediador que a professora realiza entre a universidade e a sociedade, diminuindo a distância que existe entre as duas pontas. “Marilena é uma dessas pessoas que se doaram à sociedade, sem abdicar de sua produção intelectual ativa. Ela conseguiu romper os muros da universidade, sem perda de sua excelência acadêmica”, elogiou. “Marilena tem obras populares, onde consegue estabelecer uma linguagem adequada ao entendimento popular e ao mesmo tempo uma linguagem acadêmica. E isso é algo que realiza com extrema simplicidade”, completou.
A conferência
Para Marilena, é costume aceitar a definição liberal da democracia como regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. “Visto que o pensamento e a prática liberais identificam liberdade e competição, essa definição da democracia significa que a liberdade se reduz à competição econômica da chamada ‘livre iniciativa’ e à competição política entre partidos que disputam eleições”.
Segundo Chaui, há na prática democrática e nas ideias democráticas, uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores do que o liberalismo percebe e deixa perceber. Outra característica da democracia é a de ser o único regime político que não se apoia na noção de privilégio, mas na ideia de direito.
O direito à participação no poder declara que todos os cidadãos têm o direito de participar das discussões e deliberações públicas, votando ou revogando decisões.
Marilena também destacou que há no Brasil um mito poderoso: o da não-violência. “E como esse mito pode persistir sob o impacto da violência real,cotidiana, conhecida de todos e que, nos últimos tempos, é também ampliada pos usa divulgação e difusão pelos meios de comunicação de massa?”, questionou.
Darlene Silveira (reg. prof. 6478)- Assessoria de Imprensa da Presidência - Fotos: Mariana Fontoura/CMPA.

3 comentários:

sonia mazzi disse...

Adoro a grande Filósofa Marilena Chaui ela é tudo de bom.

ziulsorrab disse...

Por gentileza onde está o link da fala dela?

Rocha disse...

Marilena Chaui é a grande dama da Filosofia. Adoro seus Livros. Ela é sábia, autêntica e profética. É uma grande mulher que o Brasil deve respeitar e obedecer à sua voz. Ela sim, tem autenticidade intelectual para falar de Democracia no Brasil.