Jornalista Messias Pontes - messiaspontes@gmail.com
Mais que nunca a regulação dos meios de comunicação social se impõe como inadiável. Não bastasse a omissão de fatos relevantes, o antijornalismo, o conservadorismo e o golpismo, agora a emissora televisa da famiglia Marinho extrapolou todos os limites da irresponsabilidade na busca incessante do lucro fácil.
O que aconteceu na madrugada de domingo 15, no famigerado e depravado Big Brother Brasil, quando uma das participantes, a gaúcha Monique embriagada e inconsciente depois de uma tremenda bebedeira, foi estuprada ao vivo e em cores por outro participante, de nome Daniel. Tudo em nome da audiência e do lucro fácil às custas de idiotas incultos e desocupados.
Fosse na Venezuela ou em Cuba, toda a velha mídia conservadora, venal e golpista brasileira já teria aberto as baterias pugnando por cassação da concessão da emissora, já que televisão é concessão pública e, como tal, tem de seguir preceitos consagrados na Constituição . Hugo Cháves ou Raúl Castro seriam, no mínimo, chamados de devassos, irresponsáveis, libidinosos, depravados e criminosos. Mas aqui, com a Rede Globo, tudo pode, já que, infelizmente, nenhum governante teve coragem de enfrentar a “Vênus Platinada”.
Os incautos e idiotas incultos que perdem seu tempo assistindo a esse bestial programa deveriam saber que são usados para a obtenção de fabulosos lucros. A estimativa é de arrecadação de R$ 500 milhões. Como se diz aqui no interior cearense, quem tem égua não compra cavalo. E, para gáudio da famiglia Marinho, como tem égua neste vasto território!
O que causa espanto é a omissão do Ministério Público Federal. Ou os doutos procuradores esqueceram que o uso de um meio público de difusão é regido pela Carta Magna que, no seu artigo 221 reza que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios?:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos, morais e sociais da pessoa e da família.
Onde está o procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel, que continua silente, ao contrário do que fez quando a famigerada revista Veja divulgou irresponsavelmente a denúncia mentirosa de um soldado bandido contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, remetendo pedido de abertura de processo no Supremo Tribunal Federal, sem se dar ao trabalho de checar a informação e de ouvir o ministro? Ou o Sr. procurador-geral defende que o que houve é natural e que se posicionar contra é defender a censura no País? E o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o que acha do ocorrido? E o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, o que tem a dizer e o que vai fazer?
Até quando a Rede Globo vai continuar dando as cartas em tudo, determinando o início dos jogos de futebol – começam depois da novela das nove?; mostrando sexo explícito em horário nobre? – o âncora do BBB, jornalista Pedro Bial diz, na maior cara de pau, que “na casa do BBB rola muito sexo”. Como observou a atriz Betty Faria, o “BBB é um desserviço à população”. E o jornalista Nirlando Beirão na Carta Capital, mesmo antes do ocorrido na madrugada de domingo: “O império da indigência – Televisão| BBB confirma o papel de usina de trapaças a serviço da mediocridade”.
É importante repetir o que disse o escritor Luis Fernando Veríssimo sobre essa excrescência do programa global: “O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral”
Diz ainda o valoroso escritor que “Em vez de assistir, ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário de Andrade ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar..., ouvir uma música..., cuidar das flores e jardins..., telefonar para um amigo..., visitar os avós..., pescar..., brincar com as crianças..., namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade”.
Quem patrocina a baixaria é contra a cidadania. Daí ser oportuna uma campanha contra os patrocinadores desse que é o mais baixo programa da televisão brasileira. Diante da repercussão negativa do que aconteceu na madrugada de domingo, a Avon já veio a público informar que não é patrocinadora do BBB.
Chega de hipocrisia. Chega de tolerância com os abusos da Rede Globo!
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