Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior - memorialista - cartaxoarrudajr@gmail.com
As discussões no Olimpo que governa Fortaleza tem se traduzido em algo similar a folhetim, novela, comédia, drama barroco, tragédia grega, gótica, nos fazendo parecer a sucessão eleitoral uma obra digna do surrealismo de Salvador Dali.
O primeiro ato inusitado é a lista dos 13 nomes pré-candidatos do PT; sendo notável a exclusão do nome do Raimundin, àquele que foi ungindo por malabarismos esotéricos no segundo mandato de Luizianne como candidato ao cargo de vice-prefeito. Teve direito a faixas, outdoors,banneres, planfletos e cartazes, mas como diz o profeta: tudo que é insólito se desmancha no ar. Pois é estranho a ausência deste “Rui Barbosa” reeleito presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Fortaleza. Operário-sapateiro (não sei que número ele calça), mas que por fim não coube para concorrer a vice-prefeito nem cabe na lista dos 13 petistas.
Por outro lado, presentes duas mulheres, uma com domicílio eleitoral em Pentecoste e outra no Cariri! Luiza Perdigão e Iris Tavares. Cadê os nomes históricos petistas como o do Dep. Nelson Martins? Ex- líder do governo na Assembleia Legislativa e agora Secretário de Agricultura do Estado. E Auto Filho ex -secretário de estado, primeiro presidente do PT no Ceará intelectual, preparadíssimo e o primeiro a declarar apoio a candidatura de Luizianne.
Importantes são as ausências de outros dois nomes: o do ex-vereador e ex-vice governador, Secretário de Estado e Deputado petista, o prof.Francisco Pinheiro, indicado vice-governador por Luizianne Lins do qual o governador Cid Gomes afirmou: “ele é o vice que pedi a Deus”.
Neste caso Luizianne foi comparada pelo Governador ao Altíssimo. E o nome dele também não entra na lista?! Assim como o do também fundador do Partido dos Trabalhadores, ex-Deputado e Ministro de Direitos Humanos da República, o impoluto médico Mário Mamede. Hoje presidente do IPM, que teve uma das mais expressivas votações na disputa para o Senado quando concorreu a vaga com Tasso Jereissati. E foi em Fortaleza que o Dr. Mário Mamede teve uma explosão de votos, superando, em muito, o líder das forças tucanas, o candidato empresário Tasso Jereissati. Ressalte-se: sem um dólar furado no bolso. Esse fato histórico, a relapsa memória do núcleo duro da Fortaleza Bela esquece. Mamede sempre foi um dos melhores quadros do PT com comprovada densidade eleitoral na capital, mas sequer cogitado para figurar na lista dos treze.
No mínimo, vivemos carências na arte da apreciação histórica e na dialética da política eleitoral e das chances reais de alcance do poder, com agregação e coesão das diferentes correntes internas do PT e forças aliadas de outros partidos.
Agora o plano B chega de para-quedas, o nobre advogado do MST Elmano de Freitas, nomeado a pouco secretário de Educação da cidade.Um nome que tem enorme potencial político em assentamento. Terá estrada para um embate como a de disputar o comando da quinta capital do país? O PT tem bons e vários nomes, a arte será saber escolher.
A desistência de Waldemir Catanho é um fato ainda, em sua inteireza,insondável. Mas é inegável que tem bagagem administrativa e representa um eficiente quadro histórico petista: foi diretor do Centro Acadêmico da Comunicação da UFC quando Luizianne o comandava, apoiou o DCE quando Luizianne o presidiu. Durante anos foi assessor político dela na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa. E sempre resistiu a disputa por cargos eletivos. Seria agora ele candidato a prefeito? - Nunquinha. Catanho foi, é e será sempre um dos maiores articuladores políticos do Ceará. Em sua essência um homem de bastidor das articulações complexas dos intramuros da política. Não gosta das luzes da ribalta, faz com galhardia o papel de articulador político por excelência.
Resta então pensar nos três mosqueteiros. O Artur Bruno, o mais votado deputado em Fortaleza, quase um eterno candidato. A cidade o quer, quem não o quer é ela e Cid Gomes. E talvez por isso mesmo o melhor candidato. O Acrísio Sena, presidente da Câmara Municipal que desistiu em favor de Catanho, mas já retomou a disputa. E o bom moço Vereador Guilherme Sampaio. Pra não falar de Joaquim Cartaxo, que conhece o urbanismo da cidade mais que todos os outros juntos.
De quebra, por outro lado, tem o agora candidato do Dep.Fed. Guimarães: Camilo, sem pensar que a oposição não vai fazer a mistura íntima da cueca com o banheiro. Fico por aqui pra não continuar com a pornografia.
Sobra quiçá, para fazer número e raiva, o ponderado senador José Pimentel, ex Ministro da Previdência que fez história na agilização do Ministério e hoje batalha sua permanência na liderança do governo no Congresso Nacional. A depender do seu estilo deve permanecer na recusa: se eleito prefeito levaria ao senado seu suplente, o sindicalista Sérgio Novais que, no mínimo, não é de bom tom aos olhos do governador.
Tudo ainda é imponderável. Nem mesmo sabemos se a grande aliança resistirá. E caso não vingue a aliança, mais razões terá o PT para saber escolher com sabedoria o seu candidato. O que pelo visto não vem acontecendo.
A gestão da cidade de Fortaleza sob a administração do PT tem representado profundas transformações sociais e urbanísticas. Mas o processo sucessório não necessariamente será plebiscitário, ou seja, os que são a favor ou contra o governo Luizianne. Poderá ter um grande peso a capacidade e a experiência administrativa. Uma variante que não poderá ser menosprezada.
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