No blog Balaio do Kotscho - Não deu outra. Sai eleição, entra eleição, a velha novela se repete com o mesmo suspense: José Serra vai ou não vai ser o candidato tucano?
Pode ser eleição municipal, estadual ou presidencial, não importa. O eterno candidato sempre começa dizendo que não quer, ainda não sabe o que fazer, pede um tempo para decidir, comunica "oficialmente" que não será, depois aceita conversar, e assim vai deixando os tucanos cada vez mais agoniados.
Desta vez, não foi diferente. Depois que Serra recusou a candidatura, o PSDB decidiu marcar prévias para o dia 4 de março, com quatro pré-candidatos que estão em campanha há seis meses, mas um fato novo fez Serra desistir de desistir da candidatura a prefeito para ir à luta novamente.
O fato novo chama-se Gilberto Kassab, até outro dia seu protegido e fiel aliado, que resolveu pular a cerca e, diante da indecisão dos tucanos, começar um namoro firme do PSD com o ultrainimigo PT.
Com isso, o prefeito, que não tem candidato viável e está no fundo do buraco em termos de popularidade, conseguiu rachar os dois maiores partidos da cidade. Metade do PT não quer esta aliança com o PSD de Kassab e metade do PSDB insiste nas prévias que, obviamente, Serra não quer.
Para se ter uma ideia do reboliço causado por Kassab na campanha eleitoral paulistana, a notícia de que Serra aceitaria ir para o sacrifício para tirá-lo do colo dos petistas, rachou a direção tucana já na segunda-feira.
"Há chances concretas de Serra ser candidato", proclamou o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini, confirmando o noticiário de que José Serra vem aí novamente.
"Acabar com as prévias agora é assinar o atestado de óbito do PSDB. Mesmo que os quatro pré-candidatos desistam, ainda assim ficaremos numa espécie de UTI", respondeu o presidente estadual, Pedro Tobias.
Entre os dois, postou-se em cima do muro o governador Geraldo Alckmin, que passou a bola para Serra. "Se ele quiser ser, é um ótimo candidato. Essa é uma decisão pessoal do Serra que nós devemos aguardar".
O problema é que nenhum dos quatro pré-candidatos deu sinais de que pretende abrir mão das prévias deixando o caminho livre para Serra, como ele impôs ao governador Geraldo Alckmin como pré-condição para aceitar a candidatura.
"As prévias são irreversíveis, estão aí, e sou pré-candidato. Espero ganhar. O Serra se inscreve e segue o procedimento", avisou José Anibal, secretário de Energia do governo do Estado.
"Vou até o fim", anunciou o deputado Ricardo Tripoli. Até o serrista Andrea Matarazzo não parece disposto a abrir mão da pré-candidatura: "Ele tem dito que não é candidato, mas as coisas não são fixas. Precisa ver o que ele decide, o que o governador decide e o que o partido decide". Só o alckmista Bruno Covas não disse nada.
A aproximação de Kassab com o PT deixou José Serra numa encruzilhada diante de três hipóteses, nenhuma delas boa para seus planos de uma nova candidatura presidencial em 2014:
# Se sair candidato a prefeito, e ganhar, não poderá deixar o cargo de novo, no meio do mandato, como já fez em 2006.
# Se perder, não terá condições políticas nem ânimo para se candidatar a mais nada, só lhe restando encerrar melancolicamente a carreira.
# Se ficar sem mandato até 2014, corre o risco de sumir do cenário fazendo política só pelo Twitter, cada vez mais isolado no partido.
Desde o início desta nova fase da velha novela, Gilberto Kassab deixou bem claro para todos que só não faria a aliança com o PT de Lula se Serra fosse o candidato do PSDB _ na certeza de que o amigo não seria candidato.
E agora? Como fica o prefeito? Ao ser perguntado sobre a possível candidatura Serra, ele disse que ficaria numa situação "desconfortável".
Mais do que isso, Kassab não poderá ficar eternamente jogando dos dois lados. A brincadeira tem prazo para acabar. Lula já anunciou que quer antecipar a aliança com o PSD para março.
Também de olho em 2014, Serra agora tem pressa. Em conversa com tucanos, segundo o noticiário da Folha, Serra avaliou que seria "um desastre" para qualquer projeto político do PSDB uma aliança entre o PT e o PSD.
Ou seja, para evitar o desastre tucano, só tem um jeito de segurar Kassab: se Serra for o candidato a prefeito.
Ainda outro dia escrevi aqui que esta campanha eleitoral em São Paulo promete fortes emoções. Não percam os próximos capítulos. Estamos só no começo.
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