O Bloco de Esquerda reagiu ao anúncio da Comissão Europeia, que reviu em baixa as previsões económicas para este ano. Por causa do aumento do desemprego e do fraco aumento das exportações para uma Europa em crise, Bruxelas espera agora que o PIB português diminua 3,3%. E acrescenta: pior, só mesmo a Grécia.
Recessão está para continuar, avisa Bruxelas. Foto Paulete Matos.
"O que percebemos por estes números é que quem semeia austeridade colhe recessão, colhe destruição da economia, colhe mais desemprego, por isso o Governo, que nos prometia um determinado futuro, na prática, está a ver as suas previsões deitadas por terra, o que demonstra a falta de rigor que lhes estava inerente", disse o deputado bloquista Pedro Filipe Soares.
A receita da austeridade promovida pelo governo da troika está a dar o resultado que muitos anteviam: a cada nova previsão da situação económica, faz-se a revisão em baixa da previsão anterior. O Governo tinha previsto uma quebra do Produto Interno Bruto para este ano de 3% há poucos meses e inscreveu a revisão nas contas do Orçamento de Estado para este ano. Agora a Comissão Europeia vem dizer que esse valor é otimista, a acreditar nos dados disponíveis.
Na apresentação destas previsões intercalares, o comissário europeu dos assuntos Económicos veio dizer que o ajustamento português é "difícil e doloroso". Olli Rehn diz esperar que na próxima semana esteja concluída a avaliação da troika, cujas análises diz serem "muito importantes porque permitem-nos ir mais além e compreender a fundo as perspetivas" do país.
A Comissão assinala a "redução muito forte no emprego" em Portugal no fim de 2011 que teve efeito negativo na evolução do consumo das famílias, bem como uma evolução das exportações que "desacelerou apreciavelmente em dezembro, em linha com o ambiente económico em deterioração na Europa". Uma situação que não deve mudar no primeiro semestre deste ano, no qual Bruxelas espera que "continuem a sofrer de uma nova desaceleração na procura externa de produtos portugueses".
A confirmarem-se as contas da Comissão, a queda do PIB português só é ultrapassada pelo PIB da Grécia, que deverá cair 4,4% em 2012. No conjunto da zona euro, as perspetivas económicas não são animadoras, com a queda prevista calculada em 0,3%, ao invés do crescimento de 0,5% que estava previsto em novembro. Feitas as contas ao conjunto dos 27 países da União Europeia, o PIB deste ano não deverá sofrer qualquer variação, sendo abandonada a perspetiva de crescimento de 0,6% feita em há três meses. Com o clima de estagnação económica a prolongar-se pelo menos até junho, Bruxelas prevê que apenas no segundo semestre se verifique um "crescimento moderado" da economia. Mas a postura da Comissão é cada vez mais cautelosa: ao contrário do que sucedeu na apresentação das previsões em novembro passado, desta vez não foram divulgadas previsões para 2013. E mesmo para 2012, apenas foram divulgados os indicadores referentes ao PIB e à inflação.
Nestas previsões, Portugal destaca-se dos restantes países por ter a inflação mais alta da zona euro: 3,3%, quando a média é de 2,1%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário