sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

No Ceará está sobrando água potável e faltando vergonha

Por Antonio Ibiapino-PT/CE - comandante13410@gmail.com
Milhares de pessoas estão sendo acometidas de doenças, como diarreia, dores no estômago e outras. Para os médicos o problema é a água contaminada que está sendo distribuída pelos carros pipas em todo Estado.
Certamente a diarreia, as dores no estômago e os demais problemas que vem afetando a saúde dos cearenses, são causados por vermes e bactérias contraídos através da água. São muitos os vermes existentes e podem causar doenças gravíssimas.
ESQUISTOSSOMO: esse verme é responsável pela inflamação do fígado e do baço, o que provoca grande acúmulo de água na cavidade abdominal; por isso essa doença é conhecida pelo nome de barriga-d'água.
TÊNIA: a tênia ou solitária é um verme parasita muito longo, que pode atingir vários metros de comprimento. Os sintomas da teníase são: falta de apetite, desnutrição, vômitos, enfraquecimento, insônia, cansaço e diarreia.
NEMATELMINTOS: há mais de 10 mil espécies desse tipo de verme e habitam a terra e a água doce, causam problemas respiratórios e na faringe. Os vermes adultos provocam distúrbios digestivos, intestinais e nervosos, como vômitos, cólica e convulsões. Em grande quantidade, podem provocar asfixia devido ao fato de o verme subir pelo tubo digestório até a garganta.
OXIÚRO: é um verme pequeno que vive no final do intestino grosso do ser humano, provocando inflamações.
FILÁRIA: é um verme fino e longo, vive nos vasos sanguíneos e nos vasos linfáticos, ela obstrui esses vasos causando problemas circulatórios, provocando inchaço. Daí o nome popular de elefantismo.
ANCILÓSTOMO: é também um verme pequeno, as pessoas parasitadas por esse verme adquirem uma cor amarelada em função da anemia causada pela constante hemorragia nas paredes intestinais, devido aos ferimentos causados pelo verme. A ancilostomose, também recebe o nome de amarelão.
Como se pode vê os vermes e bactérias são terrivelmente perigosas para a saúde humana e mesmo assim; as pessoas são literalmente obrigadas a beber água contaminada, de modo a colocar a própria saúde em risco. E por que isso ainda acontece no Ceará?
De forma simplista, os canalhas que são piores do que os vermes, os mentirosos e os ignorantes abrem a boca e dizem: "o problema é a falta de água potável causada pela seca".
Tudo não passa de falácia pra enganar o nosso povo. No Ceará não falta água, pelo contrário, sobra. Vejamos: O Ceará tem 133 açudes, com capacidade de armazenamento total de 17. 838.904.000m³.
CASTANHÃO: 6.700.000.000m³
ORÓS: 1.443.946.180m³
BANABUIÚ: 1.601.000.000m³
São alguns exemplos da grande quantidade de água armazenada nos muitos açudes existentes no Estado.
Em segundo lugar temos os lenções subterrâneos e os aquíferos, que poderão ser explorados através de poços profundos. Para cavar e equipar um poço, se gasta em média 14 mil reais; um poço profundo tem capacidade de vazão igual a 1.700 litros de água por hora e a terceira fonte de água são as cisternas de placas, que por sua vez, são baratas e eficazes.
Assim como nos outros Estados do Nordeste, no Ceará a seca é um fenômeno real, permanente e sistemático. Portanto a prioridade número um são as obras básicas para reduzir os danos causadas pela seca. São elas: interligação de bacias, transposição, perfuração de poços, construção de cisternas e tratamento d'água. Por que, então o governo do Estado não executa essas ações? Não executa absolutamente, porque o governo não quer executar. Falta a este governo, compromisso com os seis milhões de cearenses que vivem no interior; principalmente os moradores das zonas rurais. A maior parte do que é feito no Ceará está destinado aos grandes eventos, ao turismo e ao setor industrial de ponta. Para se ter um exemplo o governador Cid Gomes apresentou um projeto de construir uma ponte estaiada sobre o Rio Cocó. Será uma obra gigantesca construída sobre uma floresta que causará um dano ambiental sem precedentes ao mio ambiente. Esse mesmo governo acabou de construir um grande centro de convenções; que aliais é o maior das Américas. Nessa obra desnecessária o povo do Ceará que em sua maioria bebe água contaminada de larvas de várias especies de vermes viu ser torrados aproximadamente 420 milhões de reais; quase o valor gasto com a construção do Castanhão, que na época foram gastos 500 milhões. O Estádio Castelão fora demolida em parte e reconstruído de acordo com os caprichos de uma federação internacional de futebol, que segundo a imprensa internacional, é talvez um dos órgãos mais corruptos da face da terra. É bom lembrar que nesse Estádio construído a preço de ouro não acontecerão mais do que cinco jogos pela copa do mundo.
Quantas pessoas irão usufruir do luxuoso e milionário Estádio Castelão? Não muitas, haja vista que um camarote custará R$ 4,600.000,00. Com certeza nem mesmo os fazendeiros cearenses poderão pagar esse valor, quanto mais os nossos irmãos trabalhadores rurais.
Entre construir uma ponte, um estádio faraônico, um centro de eventos, um aquário ou obras de infra estruturas contra a seca, qual deve ser a prioridade? Devemos refletir sobre isso.
Há mais ou menos 200 quilômetros de Fortaleza está construído o açude Banabuiú, com 1.601.000.000m³. Próximo ao Banabuiú está a cidade de Quixadá com uma população de 80.447 habitantes, depois de Quixadá fica Choró com 12.631 habitantes, na mesma direção está Canindé com 75.209 habitantes e por último Caridade com 20.020 habitantes. Esses quatros municípios contém uma população de 188.307 habitantes. Em grande parte essas pessoas estão privadas da condição de consumir água potável; unicamente porque o atual governo optou por não fazer nada. Conforme os dados o açude Banabuiú poderia perfeitamente servir para abastecer o Cedro, em Quixadá, o Choró Limão, no Choró, o São Mateus em Canindé e depois o município de Caridade, conhecido pelo fato lastimável do grande número de pessoas vivendo a beira da rodovia a mendigar esmolas. A interligação dessas bacias seria muito mais barata do que a construção do Castelão ou do Centro de Convenções. Mesmo sendo desnecessárias essas duas obras foram executadas em aproximadamente em um ano, e, numa interligação como a que vimos no exemplo acima capaz de atender cinco municípios e 188.307 criaturas humanas e sobretudo carentes de água não foi feita em 27 anos em que o atual governo transita de governo em governo, como mandatário direto ou indireto do Ceará.
No casa dos poços profundos; um poço com capacidade de vazão igual 1.700 litros por hora pode ser construída por 14 mil reais, já um carro pipa custa por mês entre 10 e 15 mil reais dependendo do tamanho do carro. Neste caso a pergunta deve ser: por que o governo prefere pagar carros pipas a perfurar poços?
Segundo estudos dos tecnicos do DNOSC, o Castanhão perde por ano aproximadamente 1.443.946.180m³ de água em virtude da evaporação. Isso equivale a capacidade de armazenamento do açude Orós. Todo essa água que vai para o espaço poderia estar sendo aproveitada por milhões de cearenses vítimas da seca e principalmente do descaso; se o governo tivesse investido massivamente em transposição. Para se ter uma ideia do descaso a esse respeito, da pequena quantidade de água que sai do Castanhão através do eichão das água, duas das cincos bombas estão paradas desde julho de 2012 por causa de um defeito em um dos transformadores.
A falta de planejamento somada ao descaso causou ao Estado do Ceará além das doenças oriunda da contaminação por vermes já descrita no início deste artigo, a perda de milhares de cabeças de gado bovinos e outros, a paralisação quase que total da produção de grãos, a migração dos camponeses para os maiores centro gerando problemas sociais graves agora e no futuro. Mas o pior de tudo isso é que o governo continua sem plano, sem proposta estratégica e sem maiores preocupações. Ele faz isso, porque sabe que daqui a um ano, quando voltar a chover, naturalmente acaba a falta d'gua, os agricultores terão feijão e milho e o problema passa a ser invisível. Por conseguinte ninguém falará nada nem tampouco cobrará.
Maquiavel aconselhava aos príncipes dizendo: não façam obras estratégica, o povo não entendem de estrategia, façam obras fantasiosas para impressioná-lo e assim vocês se manterão no poder por muito tempo. No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário, a um príncipe, possuir todas as qualidades, mas é preciso parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes, porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No Ceará as atitudes dos últimos governantes tem sido mais ou menos parecido com os ensinamentos de Maquiavel, ou seja, governos dissimulados, obras desnecessárias e por conseguinte inúteis. Tudo isso tem causado graves problemas, como os que estamos vivenciando agora mesmo com a seca que assola e mata em todo Estado.

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