sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Haddad aposta em Plano Diretor para acabar com descontinuidade de projetos em SP

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (31), em entrevista exclusiva à JOVEM PAN, que a "alternância de poder" comprometeu o planejamento do desenvolvimento da cidade. Para Haddad, as mudanças que ocorreram a cada gestão e descontinuaram projetos importantes terão fim a partir da sanção do Plano Diretor Estratégico.
“Isso vai fazer com que nós preservemos os bairros, sobretudo, o que aconteceu na zona sul de São Paulo, espigões em ruas muito estreitas. Isso não se faz em nenhum lugar no mundo, não se ergue um prédio de 30 andares em ruas com 8 metros de largura, como você cansa de ver no Itaim Bibi, na Vila Olímpia, Moema, Pinheiros”, explicou no Jornal da Manhã.
Questionado se faltou planejamento ou se houve mais corrupção nas gestões anteriores, o prefeito lembrou a criação da Controladoria Geral do Município para, segundo ele, “escancarar as portas da prefeitura”.
“Eu faço um convite ao cidadão. Se você tem informação sobre desvio de conduta, de qualquer um que seja você, tem um controlador geral que tem autonomia para investigar quem quer que seja sem me pedir autorização”, declarou Haddad, que ainda ressaltou que a luta contra a corrupção é eterna, mas que é preciso ter os instrumentos para combatê-la.
O prefeito foi perguntado também sobre os polêmicos corredores de ônibus. De acordo com ele, esse tipo de estrutura para o transporte público é necessário para “toda metrópole” e já há benefício para os usuários que vivem em regiões mais afastadas do centro.
“Nós devolvemos para os usuários 4 horas por semana. (...) É como se nós reduzíssemos a jornada de trabalho. (...) Você vai em qualquer cidade do mundo a prioridade é transporte público”, disse. Ele explicou ainda que a prefeitura está fazendo ajustes no projeto.
Ainda sobre a questão da mobilidade na capital, o rodízio estendido também foi mencionado pelo prefeito. “A CET (Companhia de Engenharia de Tráfico), ela é uma empresa que tem uma tradição importante em planejamento. Você tem estudos permanentes sobre isso, e no caso do rodízio a CET estuda o assunto”.
Ele reforçou que os estrangeiros que visitaram a cidade durante a Copa do Mundo de 2014 tiveram boa impressão e pretendem voltar. Além da cidade ter sido apontada como o maior destino do Brasil e estar prevista para ser a cidade com mais importância turística para a América Latina em 2017.
Haddad criticou também as manifestações violentas que têm provocado depredação de patrimônio público, por exemplo. Ele lembrou que quando lutou contra a ditadura militar se tinha a consciência de não destruir o que é do povo. “Eu acho saudável a população reivindicar, mas acho que a gente tem que estabelecer um padrão”, falou.
O mandatário se mostrou preocupado com a questão da habitação em São Paulo. Para Haddad, o movimento por moradia melhor está politizado e muita gente está sendo enganada. “Se alguém está te enganando dizendo que, se você ocupar uma terra que nao é sua, você vai ter preferência na casa própria, essa pessoa está te enganando”, alertou.
A Cracolândia, um das regiões mais perigosas do centro, tem tido a atenção devida, segundo Haddad. Para ele, o trabalho realizado tem recuperado satisfatoriamente usuários de drogas. “Nós fizemos um trabalho… Você lembra que a Cracolândia só aumentava. Naquele momento que aconteceu aquele grande conflito em 2011, a Cracolândia chegou a ter 1.500 usuários todos os dias. Com uma política com trabalho ambulatorial, com muita gente lá, trabalhando, nós conseguimos reduzir esse número”.
Haddad ainda falou sobre a cidade de São Paulo ganhar arranha-céus como as grandes metrópoles internacionais. Para ele, a cidade, agora passará a olhar com mais atenção para a área ao redor do rio Tietê, assim como fizeram Londres, Nova York e Paris com seus respectivos rios.
“Tem uma área da cidade que vamos ter que regular, as margens do Tietê. A área mais nobre de São Paulo. (...) São Paulo virou as costas. O Plano determina que a gente se aproprie desses rios… Nós vamos pegar o Arco do Futuro, em torno dos rios, e vamos regular a ocupação do solo”, disse.
*Ouça a entrevista completa nos áudios acima com o jornalistas JOVEM PAN Joseval Peixoto, Adalberto Piotto, Anchieta Filho, Denise Campos de Toledo e Carlos Aros. Fonte: Jovem Pan.

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