O tucano precisará falar ao eleitor mediano, afirma o cientista político Claudio Couto
Em busca da classe C, campanha dilmista ajusta discurso de “pobres X ricos” e tenta carimbar Aécio Neves como candidato da elite
por André Barrocal - CartaCapital:
Na terça-feira 12 de agosto, uma semana antes do início da propaganda eleitoral na TV e no rádio, Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula lançaram o site “O Brasil da Mudança”, com dados sobre 12 anos de realizações federais. A comparação com os resultados de oito anos da gestão Fernando Henrique era a estratégia central da campanha dilmista, para quem o tucano Aécio seria o rival. Um dia após a estreia do site, a eleição sofreu uma reviravolta. Eduardo Campos morreu, Marina Silva entrou no páreo, e o PT recolheu os planos iniciais. Confirmada a disputa decisiva com Aécio, a estratégia foi ressuscitada, e com um ajuste de tom em relação à guerra travada com Marina.
A atual parceria entre PT e PMDB governa hoje para a maioria da população, disse Dilma nesta terça-feira 7, depois de reunir-se a portas fechadas com governadores, senadores e partidos aliados. Em 12 anos, segundo ela, todas as classes sociais ganharam. Em 2002, os segmentos E e D tinham 97 milhões de pessoas e, agora, têm 54 milhões. Na C havia 68 milhões de pessoas e atualmente são 118 milhões. Os grupos A e B passaram de 14 milhões de pessoas para 29 milhões. Hoje, de cada quatro brasileiros, três pertencem às classes A, B ou C. “É isso que transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa”, afirmou Dilma.
Quando a eleição estava polarizada entre ela e Marina, a campanha petista optara por um apelo aos mais pobres. Foi o caminho escolhido para enfrentar uma adversária que se tornara uma febre e, pela biografia e o rosto, podia roubar votos de Dilma entre eleitores de menor renda e de inclinação progressista. Sem Marina no páreo, e com Dilma precisando melhorar a votação em São Paulo, o estado mais rico, seus estrategistas resolveram ajustar o tom. Motivo: o eleitorado da classe C é o mais numeroso e talvez se identifique mais com os segmentos A e B do que com os de baixa renda.
A oposição “ricos e pobres” por trás do embate entre PSDB e PT, disse Dilma, é parcialmente verdadeira. O governo petista teve “preocupação de incluir os pobres no orçamento”, enquanto Aécio e o PSDB representariam a elite. Mas, ressalvou a presidenta, o incremento da classe C exige políticas diferentes das destinadas aos miseráveis. O Estado precisa atender à cobrança da classe C por melhor qualidade em transporte, saúde e educação. E isso, segundo Dilma, continuará sendo perseguido pelo governo, em caso de reeleição dela. “O Brasil mudou, e o desejo das pessoas mudou junto.”
A mensagem principal a ser difundida a partir de agora pela campanha dilmista é que estão em disputa dois modelos de País e de desenvolvimento. De um lado, o neoliberalismo de Aécio Neves, mais afinado com o sistema financeiro. De outro, o trabalhismo do PT. “É uma eleição entre dois projetos: um que melhorou a vida do povo, outro que piorou”, disse o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Relações Institucionais.Em busca da classe C, campanha dilmista ajusta discurso de “pobres X ricos” e tenta carimbar Aécio Neves como candidato da elite
por André Barrocal - CartaCapital:
Na terça-feira 12 de agosto, uma semana antes do início da propaganda eleitoral na TV e no rádio, Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula lançaram o site “O Brasil da Mudança”, com dados sobre 12 anos de realizações federais. A comparação com os resultados de oito anos da gestão Fernando Henrique era a estratégia central da campanha dilmista, para quem o tucano Aécio seria o rival. Um dia após a estreia do site, a eleição sofreu uma reviravolta. Eduardo Campos morreu, Marina Silva entrou no páreo, e o PT recolheu os planos iniciais. Confirmada a disputa decisiva com Aécio, a estratégia foi ressuscitada, e com um ajuste de tom em relação à guerra travada com Marina.
A atual parceria entre PT e PMDB governa hoje para a maioria da população, disse Dilma nesta terça-feira 7, depois de reunir-se a portas fechadas com governadores, senadores e partidos aliados. Em 12 anos, segundo ela, todas as classes sociais ganharam. Em 2002, os segmentos E e D tinham 97 milhões de pessoas e, agora, têm 54 milhões. Na C havia 68 milhões de pessoas e atualmente são 118 milhões. Os grupos A e B passaram de 14 milhões de pessoas para 29 milhões. Hoje, de cada quatro brasileiros, três pertencem às classes A, B ou C. “É isso que transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa”, afirmou Dilma.
Quando a eleição estava polarizada entre ela e Marina, a campanha petista optara por um apelo aos mais pobres. Foi o caminho escolhido para enfrentar uma adversária que se tornara uma febre e, pela biografia e o rosto, podia roubar votos de Dilma entre eleitores de menor renda e de inclinação progressista. Sem Marina no páreo, e com Dilma precisando melhorar a votação em São Paulo, o estado mais rico, seus estrategistas resolveram ajustar o tom. Motivo: o eleitorado da classe C é o mais numeroso e talvez se identifique mais com os segmentos A e B do que com os de baixa renda.
A oposição “ricos e pobres” por trás do embate entre PSDB e PT, disse Dilma, é parcialmente verdadeira. O governo petista teve “preocupação de incluir os pobres no orçamento”, enquanto Aécio e o PSDB representariam a elite. Mas, ressalvou a presidenta, o incremento da classe C exige políticas diferentes das destinadas aos miseráveis. O Estado precisa atender à cobrança da classe C por melhor qualidade em transporte, saúde e educação. E isso, segundo Dilma, continuará sendo perseguido pelo governo, em caso de reeleição dela. “O Brasil mudou, e o desejo das pessoas mudou junto.”
A calibragem do tom do discurso de Dilma e a estratégia “disputa de dois projetos” foi apresentada pelo marqueteiro João Santana durante a reunião da presidenta com seus aliados em um hotel de Brasília. Estiveram presentes governadores eleitos e em exercício, senadores eleitores e em exercício, presidentes de partidos governistas e ministros. Foi a primeiro grande ato de Dilma depois da votação do dia 5.
A partir desta quinta-feira 8, a presidenta retomará as viagens. Em dois dias, visitará cinco estados do Nordeste. Para o PT, é preciso aumentar a votação na região, a fim de compensar o caminhão de votos obtido por Aécio em São Paulo. Dilma irá ao estado que reelegeu Geraldo Alckmin no primeiro turno no domingo 12. “É um estado muito importante, vou olhá-lo com cuidado, com propostas específicas e com comunicação com todos os setores.”
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