RICARDO BERZOINI Os adversários se animaram. Pensavam que o governo Lula havia obtido sucesso por não ter enfrentado nenhuma crise internacional. HÁ UM ano, o mundo era sacudido pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana. Uma crise financeira e econômica se espalhou pelo planeta, travando o crédito e o comércio mundial. Depois da quebra do banco Lehman Brothers, US$ 25 trilhões em riquezas viraram pó em todo o mundo. Os governos, com seus trilionários pacotes para evitar a falência do sistema, sepultaram a era do Consenso de Washington. Mesmo assim, milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza. Nesse cenário de incertezas, os adversários do governo Lula ficaram animados. Pensavam que o governo havia obtido sucesso até então por não ter enfrentado nenhuma crise internacional, ao contrário de FHC, que sofrera os efeitos de três delas, bem menores. Tripudiaram quando o presidente Lula previu que a crise, para o Brasil, seria uma "marolinha", não um tsunami. Lula assumiu a atitude de líder, pilotando pessoalmente as medidas de enfrentamento da crise e dirigindo-se à nação como quem vai à luta, não se deixando abater pela turbulência. Em dezembro passado, no auge da crise, estimulou os brasileiros a continuarem consumindo, dentro de suas possibilidades. Colocou os bancos públicos para compensar a retranca dos bancos privados. Orientou a Petrobras a ampliar os investimentos, quando muitos diziam que o petróleo a US$ 30 inviabilizaria a exploração do pré-sal. Reduziu IPI, IOF e Imposto de Renda dos assalariados. Lançou, no meio da crise, um poderoso programa de habitação popular, reconhecido pelos empresários e pelos movimentos sociais como a mais importante iniciativa do setor na história do Brasil. Hoje, diante dos dados de recuperação da economia, é fato que o Brasil superou o impacto principal da crise e retoma a trajetória de crescimento interrompida no ano passado. O Brasil deve ser um dos poucos países do mundo a fechar 2009 com PIB positivo. O mercado de trabalho aponta números claros: o Caged, cadastro do Ministério do Trabalho que só registra a movimentação de empregos formais, diz: nos 12 meses até junho de 2009, 390 mil empregos formais foram criados. Saldo positivo em plena crise. Foi com um conjunto de medidas corajosas que conseguimos atravessar a crise em situação melhor do que a de muitos países. Graças ao fortalecimento de instrumentos do Estado, como bancos oficiais e empresas estatais, como a Petrobras, rompendo com a lógica neoliberal que imperou até 2002, o Brasil teve musculatura para enfrentar o furacão gestado no centro do capitalismo. Ao agir prontamente, com todos os instrumentos públicos disponíveis, o governo pode conduzir o país com segurança no mar revolto da crise. A cada medida tomada, uma crítica da oposição. A cada sucesso, mudança de mote. Ante as evidências da recuperação, os mesmos setores que vaticinaram a inevitabilidade do caos tentam mudar o enfoque, falando de deterioração fiscal do governo federal. Querem eclipsar um fato: o governo Lula salvou o país do caos fiscal dos anos 1990 e, justamente pela ação fiscal anticíclica nos últimos 12 meses, nos permitiu fazer frente à crise, gastando bem menos que outros países. Em seis anos, um conjunto de políticas sociais, tributárias, industriais, creditícias e de comércio exterior foi implementado. Nossas estatais foram fortalecidas. O PAC foi estruturado como indutor de investimentos públicos e privados. Entre janeiro de 2003 e janeiro de 2009, o desemprego (Seade-Dieese) foi reduzido de 18,6% para 12,5% (redução de 33%). Foram gerados 7,7 milhões de empregos formais, sem falar nas ocupações da agricultura familiar e da economia familiar urbana e outros tipos de ocupação. Cresceu o emprego formal em relação ao informal. O salário mínimo teve um aumento real de 46% desde 2003, influenciando a pirâmide salarial. Temos seis anos e nove meses de um governo que, gradual e cuidadosamente, fez e faz a transição para um novo modelo. Há que reconhecer que falta muito que fazer, até porque a crise mundial não foi totalmente desfeita. É necessário retomar a velocidade de geração de empregos anterior à crise, acelerar os investimentos. Mas a lição que fica é que o deus mercado foi exorcizado, aqui e no exterior. Foi resgatado o papel do Estado como força reguladora e de estímulo à economia. O neoliberalismo foi soterrado sob os escombros do muro de Wall Street. E o Brasil pode perceber, claramente, as diferenças entre os dois projetos que se sucederam na Presidência da República. RICARDO BERZOINI , 49, bancário, é deputado federal (PT-SP) e presidente nacional do partido. Foi ministro da Previdência (2003-2004) e do Trabalho (2004-2005).
2 comentários:
Melhor que isso só dois isso.
Parabéns, sr. Berzoini, pois dentro do PT me parecia estar havendo o receio, o medo e a falta de coragem de enfrentar os inimigos. Me parecia que Lula estava só, se esguelando todo sob fortes criticas e muitas gozações dos inimigos do Brasil.
Então, depois dessa do Presitente do PT, vamos ver se cresce novamente o ânimo dos palamentares tanto do Senado como da Cãmara, para não se encolherem e se deixarem levar por uns como Arthur Virgilio e até mesmo por Mão SAnta que de santo nada tem. Há necessidade de se dar um grito mais forte lá no congresso.
Mas, os blogueiros estão por aqui firmes e tentando de uma forma ou outra fazer com que não percamos as esperanças.
Bom dia e muita "marolinha" para os inimigos.
b dia.
Atençao, por fvr moderador e proprietarios do Blog. Tem uma coisa extremamente importante p/ser levada adiante, as instancias superiores. O assunto é a economia para 2010. Nao sou economista. Dilma é mas esta muito ocupada, sua assessoria tb. .E isso pode implicar q nao vejam algo
que esta chegando ai e pode estragar muita coisa. Tem que advertir para impedir.
Pergunta é séria: "E se o S Kanitz tem razão? E se o Kanitz tem razao que o crescimento da economia, no fim de 2009 e em 2010 vai ser grande, explosivo?? que, como ele diz vai faltar produto??
Falta produtos por um lado e o panico provocado pelo PIG inibe os empresarios (pequenos especialmente) de investir. TEM INIBIDO E ESTA INIBINDO E VAI CONTINUAR POR MUITOS MESES. e INvestimento demora um tanto pra maturar, qualquer um sabe disso.
Atençao, por maximo favor, SE isso ocorrer e vai ocorrer, os PREÇOS VAI SUBIR, vai haver inflaçao em 2010 e os JUROS terao que subir!
E ta na cara o impacto disso nas eleições de Outubro.
NAO pode. Ou obriga agora os setores mais rapidos a aumentar o investimento ou impede já já, via juros ou via outra coisa que cresça demais no fim do ano e ano que vem. Uma das duas coisas. Pessoal responsavel pela campanha de Dilma, na hora de decidir, NAO se hesita: so vence quem atravessa o Rubicon com determinaçao.
Nao se diga q nao houve aviso depois! Ainda tem tempo.(augusto)
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