O novo visual da ministra Dilma Rousseff chamou a atenção da mídia. Após as operações plásticas, a ministra está mais bonita e atraente. Nada mais natural do que tentar melhorar o visual, se a ministra, de fato, vier a concorrer ao mais alto cargo da Nação. Nas democracias, particularmente nas presidencialistas que propiciam ligação direta com os eleitores e favorecem o populismo, candidatos feios e antipáticos não vão muito longe.
Não se trata apenas do aspecto físico, mas de todo o conjunto do visual a ser exibido, porque ele sempre passa uma mensagem não-verbal sobre o candidato. Nesse ponto, quanto se trata de eleições majoritárias e proporcionais, há algumas diferenças no modo como candidatos se devem apresentar publicamente. Os candidatos a cargos majoritários necessitam adaptar não só suas propostas e programa, mas também sua apresentação física e social, de modo a encontrar boa acolhida num eleitorado maior e mais heterogêneo quanto aos múltiplos traços de diferenciação que são significativos para a formação de um grupo. Renda, idade, ocupação, religião, instrução, etnia são os principais. Disputas proporcionais, ao contrário, permitem aos concorrentes ter êxito com o apoio de uma pequena e homogênea fatia de um colégio eleitoral maior, com a qual tentam se identificar para poder representar.
Em eleições majoritárias, a identificação com grupos específicos muito minoritários significa perder votos em outros. Na verdade, além das propostas políticas, todo o perfil do candidato deve mudar, de forma a ficar na “média” do gosto dos eleitores potenciais majoritários. Não é preciso dizer que essa “média” é difícil de ser encontrada, mas, de alguma maneira, os técnicos do marketing político acabam achando-a. O êxito final implica vencer nas centenas de segmentos que compõem o conjunto do eleitorado.
Lula, depois de algumas derrotas, aprendeu que não poderia chegar à Presidência como candidato do ABC. O visual inicial de Lula, o metalúrgico, teve de ser alterado. De outro modo seria bem difícil o ex-sindicalista encontrar boa acolhida nas classes médias e altas não-intelectualizadas. Convém lembrar a relação entre barba e revolução. Depois da entrada triunfal dos guerrilheiros de Sierra Maestra em Havana, em 1959, com Fidel Castro cinematograficamente encarrapitado num tanque, todos cabeludos e com a barba hirsuta (como convém aos que estão saindo de uma batalha), a esquerda e a intelectualidade antissistema adotaram o novo visual identificador. Na CUT dos tempos heroicos, a exemplo de Lula, quase todos os membros da diretoria usavam barba. Depois da redemocratização, a ascensão social e política de grande parte dos ex-revolucionários, rebeldes e hippies dos anos 60 e 70 tornou a barba agressiva fora de moda. Foi substituída por outra mais curta, bem comportada, às vezes prateada, compatível, aliás, com a idade e evolução ideológica dos portadores.
Portanto, nada de inusitado no novo visual da ministra, que parece garantir que ela se prepara para disputas eleitorais e para a batalha do corpo-a-corpo com eleitores, cabos eleitorais e políticos. É verdade que até agora (ao que parece) ela é apenas a candidata do Lula. O aval do PT e dos partidos e políticos da base de apoio do presidente não foi procurado. As razões da escolha da ministra não foram explicitadas e discutidas. Dilma não pertence à velha guarda petista nem ao círculo dos sindicalistas. Tampouco tem o apoio de grupos católicos “progressistas” ou de outras facções do aparelho partidário. Dilma, na legalidade, só esteve filiada ao PDT. Apenas em 1991 aderiu ao PT. Até então era brizolista. Petistas encanecidos e escarmentados por várias batalhas eleitorais e muitos votos na bagagem foram postos de lado, preteridos por alguém sem experiência eleitoral e sem voto. Nessas condições, provavelmente terá mais dificuldade para governar. Mas não necessariamente. Aqui mesmo, em São Paulo, há muitos exemplos de candidatos que, classificados inicialmente como “postes”, muito cedo alçaram voo sem pedir licença aos patronos.
Alguns petistas dos anos heroicos da construção do partido podem até ter rangido os dentes com a escolha do presidente. Mas no recesso do lar. Poucos chiaram publicamente. Do alto dos poderes que o regime presidencialista lhe confere e da força que vem das avaliações positivas de seu governo, Lula mostrou quem manda. Apesar de legitimada ante a esquerda petista pelo tempo de atividade clandestina no período militar, a candidatura da ministra decorre da vontade pura de Lula, de uma decisão que a alguns pode parecer autoritária e personalista. Competências técnica e administrativa não elegem ninguém. O episódio revela o aparentemente paradoxal enfraquecimento institucional do PT depois que conquistou a administração pública federal. O poder presidencial passou por cima do aparelho petista, que parecia muito estruturado. Mas o partido aceitou a escolha do presidente. Na verdade, não poderia fazer muita coisa. É bom notar que muitos dos que ocupam cargos públicos, eleitos ou nomeados, ascenderam graças à força eleitoral do Lula, o único candidato presidencial que o partido encontrou em sua vida. Ninguém quer perder emprego público ou se enfraquecer politicamente. No final, foi todo o sistema partidário brasileiro que se enfraqueceu.
Pode ser, no entanto, que o presidente saiba o que está fazendo. Já se disse que quando Lula fala tudo se esclarece. O instinto de classe contém mais saber do que o que vem das universidades burguesas, mesmo quando transmitido por mestres marxistas. Se, de fato, Dilma for a candidata em 2010, se vencer, deverá ser inteiramente grata a seu presidente, mais do que qualquer outro dirigente petista com carreira política eleitoral e presumíveis pretensões de independência e ascensão. Mas pode ser que estejamos inteiramente equivocados. O novo visual da ministra pode ser apenas resultado da vaidade natural dos seres humanos e nada tenha que ver com 2010.
Não se trata apenas do aspecto físico, mas de todo o conjunto do visual a ser exibido, porque ele sempre passa uma mensagem não-verbal sobre o candidato. Nesse ponto, quanto se trata de eleições majoritárias e proporcionais, há algumas diferenças no modo como candidatos se devem apresentar publicamente. Os candidatos a cargos majoritários necessitam adaptar não só suas propostas e programa, mas também sua apresentação física e social, de modo a encontrar boa acolhida num eleitorado maior e mais heterogêneo quanto aos múltiplos traços de diferenciação que são significativos para a formação de um grupo. Renda, idade, ocupação, religião, instrução, etnia são os principais. Disputas proporcionais, ao contrário, permitem aos concorrentes ter êxito com o apoio de uma pequena e homogênea fatia de um colégio eleitoral maior, com a qual tentam se identificar para poder representar.
Em eleições majoritárias, a identificação com grupos específicos muito minoritários significa perder votos em outros. Na verdade, além das propostas políticas, todo o perfil do candidato deve mudar, de forma a ficar na “média” do gosto dos eleitores potenciais majoritários. Não é preciso dizer que essa “média” é difícil de ser encontrada, mas, de alguma maneira, os técnicos do marketing político acabam achando-a. O êxito final implica vencer nas centenas de segmentos que compõem o conjunto do eleitorado.
Lula, depois de algumas derrotas, aprendeu que não poderia chegar à Presidência como candidato do ABC. O visual inicial de Lula, o metalúrgico, teve de ser alterado. De outro modo seria bem difícil o ex-sindicalista encontrar boa acolhida nas classes médias e altas não-intelectualizadas. Convém lembrar a relação entre barba e revolução. Depois da entrada triunfal dos guerrilheiros de Sierra Maestra em Havana, em 1959, com Fidel Castro cinematograficamente encarrapitado num tanque, todos cabeludos e com a barba hirsuta (como convém aos que estão saindo de uma batalha), a esquerda e a intelectualidade antissistema adotaram o novo visual identificador. Na CUT dos tempos heroicos, a exemplo de Lula, quase todos os membros da diretoria usavam barba. Depois da redemocratização, a ascensão social e política de grande parte dos ex-revolucionários, rebeldes e hippies dos anos 60 e 70 tornou a barba agressiva fora de moda. Foi substituída por outra mais curta, bem comportada, às vezes prateada, compatível, aliás, com a idade e evolução ideológica dos portadores.
Portanto, nada de inusitado no novo visual da ministra, que parece garantir que ela se prepara para disputas eleitorais e para a batalha do corpo-a-corpo com eleitores, cabos eleitorais e políticos. É verdade que até agora (ao que parece) ela é apenas a candidata do Lula. O aval do PT e dos partidos e políticos da base de apoio do presidente não foi procurado. As razões da escolha da ministra não foram explicitadas e discutidas. Dilma não pertence à velha guarda petista nem ao círculo dos sindicalistas. Tampouco tem o apoio de grupos católicos “progressistas” ou de outras facções do aparelho partidário. Dilma, na legalidade, só esteve filiada ao PDT. Apenas em 1991 aderiu ao PT. Até então era brizolista. Petistas encanecidos e escarmentados por várias batalhas eleitorais e muitos votos na bagagem foram postos de lado, preteridos por alguém sem experiência eleitoral e sem voto. Nessas condições, provavelmente terá mais dificuldade para governar. Mas não necessariamente. Aqui mesmo, em São Paulo, há muitos exemplos de candidatos que, classificados inicialmente como “postes”, muito cedo alçaram voo sem pedir licença aos patronos.
Alguns petistas dos anos heroicos da construção do partido podem até ter rangido os dentes com a escolha do presidente. Mas no recesso do lar. Poucos chiaram publicamente. Do alto dos poderes que o regime presidencialista lhe confere e da força que vem das avaliações positivas de seu governo, Lula mostrou quem manda. Apesar de legitimada ante a esquerda petista pelo tempo de atividade clandestina no período militar, a candidatura da ministra decorre da vontade pura de Lula, de uma decisão que a alguns pode parecer autoritária e personalista. Competências técnica e administrativa não elegem ninguém. O episódio revela o aparentemente paradoxal enfraquecimento institucional do PT depois que conquistou a administração pública federal. O poder presidencial passou por cima do aparelho petista, que parecia muito estruturado. Mas o partido aceitou a escolha do presidente. Na verdade, não poderia fazer muita coisa. É bom notar que muitos dos que ocupam cargos públicos, eleitos ou nomeados, ascenderam graças à força eleitoral do Lula, o único candidato presidencial que o partido encontrou em sua vida. Ninguém quer perder emprego público ou se enfraquecer politicamente. No final, foi todo o sistema partidário brasileiro que se enfraqueceu.
Pode ser, no entanto, que o presidente saiba o que está fazendo. Já se disse que quando Lula fala tudo se esclarece. O instinto de classe contém mais saber do que o que vem das universidades burguesas, mesmo quando transmitido por mestres marxistas. Se, de fato, Dilma for a candidata em 2010, se vencer, deverá ser inteiramente grata a seu presidente, mais do que qualquer outro dirigente petista com carreira política eleitoral e presumíveis pretensões de independência e ascensão. Mas pode ser que estejamos inteiramente equivocados. O novo visual da ministra pode ser apenas resultado da vaidade natural dos seres humanos e nada tenha que ver com 2010.
3 comentários:
25 anos de luta pela Reforma Agrária
Em 1984, nosso país vivia um período intenso de lutas sociais. Um contexto de lutas populares pelo fim da ditadura militar, com mobilizações de todo o povo. Depois de tanto tempo sufocado, o movimento camponês voltava a questionar o latifúndio e colocava a ocupação de terra como forma de ação concreta e legítima na luta pela Reforma Agrária.
Entre os dias 20 e 22 de janeiro daquele ano, foi realizado o 1º Encontro Nacional dos Sem Terra, em Cascavel, no Paraná. Estavam presentes trabalhadores rurais de 12 estados brasileiros, que já participavam de ocupações. Foi dali que nasceu a proposta de organizar um movimento a nível nacional, e ali tiramos os três objetivos que norteiam até hoje nossa organização: luta pela terra, pela Reforma Agrária e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Nestes 25 anos, contribuímos com o avanço da Reforma Agrária e o combate à pobreza e desigualdade no campo. O Movimento Sem Terra que construímos é responsável pelo assentamento de 370 mil famílias em 7,5 milhões de hectares em todo o país. Avançamos também na nossa organização interna, e hoje estamos organizados em 24 dos 27 estados do Brasil. Construímos juntos uma proposta de educação do campo, além de acumular no campo da produção agroecológica e da soberania alimentar.
Hoje temos desafios ainda maiores na nossa luta. Há milhares de famílias acampadas, que lutam debaixo de lona preta pela distribuição da terra. E as famílias assentadas seguem lutando por melhores condições de vida e por mudanças no modelo agrícola. E maior ainda é o número de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que têm seus direitos negados, prejudicados pela absurda concentração de renda e desigualdade social. Por isso nos comprometemos a seguir na luta.
Nos últimos anos, a terra passou a ser concentrada também pelo chamado agronegócio - grandes empresas transnacionais na agricultura, aliadas ao capital financeiro internacional e ao latifúndio, que concentram ainda a cadeia produtiva das sementes à comercialização, destinando a produção apenas para a exportação e a especulação com o preço dos alimentos. Portanto, agora é necessário uma Reforma Agrária Popular, que garanta a soberania alimentar do povo brasileiro.
O MST foi construído ao longo desses anos e sobreviveu graças ao apoio recebido da classe trabalhadora, professores, artistas, ambientalistas, juristas, estudantes, escritores, poetas, parlamentares, religiosos, e cidadãos e cidadãs comuns que defendem a construção de um país justo, democrático e soberano. São nossos parceiros, companheiros e companheiras de caminhada.
Por conta do aniversário dos 25 anos, recebemos saudações dos nossos amigos e companheiros (abaixo selecionamos algumas, para compartilhar com todas e todas.).
Coordenação Nacional do MST
"Dilma, na legalidade, só esteve filiada ao PDT. Apenas em 1991 aderiu ao PT". Na verdade, a Dilma só aderiu ao PT em 2001 durante o governo Olívio Dutra.
Reforma da Kombi velha!
Dinheiro jogado fora !
espero que tenha pago do próprio bolso, mas não acredito !
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