sexta-feira, 13 de novembro de 2009

2010 será um plebiscito

Mauricio Dias

Não haverá terceira via como opção concreta de vitória na eleição presidencial de 2010. A disputa terá um caráter plebiscitário, como quer o PT e como não quer o PSDB, os únicos dois partidos com chances reais de vitória.

Há poucos dias, por exemplo, Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, em almoço com empresários paulistas, tomou posição clara sobre a questão. O discurso preparado, lido – uma surpresa no hábito improvisador do mineiro que prefere a superficialidade da frase de efeito puramente político – tocou com firmeza nesse ponto. Desponta um novo Aécio. No mínimo mais candidato do que antes, alertou:

“Precisamos resistir à principal armadilha que começa a ser apresentada à sociedade, a de que a próxima eleição será plebiscitária. Não estaremos dizendo sim ou não ao governo do presidente Lnte Lula. Estaremos escolhendo o nosso futuro. Um futuro que virá, para alguns, apesar do presidente Lula e, para outros, por causa do presidente Lula.”

Aécio quer tirar Lula da disputa. Lula não vai sair. O presidente trabalha o viés plebiscitário da eleição. Em diversas reuniões políticas, acentua o “nós contra eles” ou, como disse em certa reunião com o aliado PSB, “a nossa turma contra a turma do Fernando Henrique”.

Plebiscito é um instrumento da democracia participativa através do voto. Toda eleição tem caráter plebiscitário. Raramente, porém, é o sim contra o não. E essa é a diferença da competição do ano que vem.
“Uma boa administração é um fator plebiscitário. O eleitor tem a perder e não quer perder”, define o estatístico Erich Ulrich, diretor da UP Pesquisa e Marketing, ex-diretor da área de estatística do Ibope.

“A eleição de 2010 será plebiscitária. Haverá a presença de um presidente com uma aprovação em torno de 70% e líder do maior partido de esquerda”, afirma.

Ulrich, que cultiva a dúvida como método de análise eleitoral, evita afirmar se Lula fará ou não o sucessor. Mas não vacila quando diz que “estará na disputa o programa de Lula.”

Esse é o sim contra o não. O voto simbólico que tem embutido o “nós contra eles”. A turma de Lula contra a turma de FHC, como pontua o próprio presidente da República.

A última eleição claramente plebiscitária ocorrida no Brasil completará 60 anos em 2010. Na eleição plebiscitária de 1950, Getúlio Vargas, pai da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “pai dos pobres”, representando o PTB, enfrentou dois candidatos. Um deles, Cristiano Machado, do PSD. O outro, o brigadeiro Eduardo Gomes, expressão viva do conservadorismo elitista da UDN. Ele tinha sido surrado pelo marechal Dutra, na eleição de 1945. Perdeu, essencialmente, porque era anti-getulista, embora tenham jogado a culpa na sentença que, malevolamente, foi atribuída a ele: “Não preciso de voto de marmiteiro”. A frase foi, de fato, uma invenção. Mas não seria inventada se o brigadeiro não existisse. Em 1950, Getúlio, o “pai dos pobres” deu uma surra eleitoral no suposto algoz dos marmiteiros.

Em 2010, os nomes serão outros. De um lado, é certo, estará a “mãe do PAC”. Do outro lado ainda não se sabe. Os nomes serão diferentes. O papelo, será igual. Ou quase igual.

Postado por Gilvan Freitas, O TERROR DO NORDESTE

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