Enviado pelo editor do Blog da Dilma em São Paulo, Julio Cesar Macedo Amorim - jotamorim@gmail.com
Carta Capital n˚ 666 - Depois de ter sido premiado com a presidência do conselho político do PSDB, o ex-governador José Serra resolveu virar cientista político. E especialista em legislação eleitoral. Em um texto publicado há alguns dias na mídia paulista, ele expôs suas ideias sobre alguns pontos polêmicos da reforma política. (De forma sintomática, apesar de presidir o conselho de seu partido, falou por conta própria).
A hora é boa: as primeiras propostas de emenda constitucional estão chegando ao plenário do Senado, depois de saírem da comissão especial que José Sarney criou no início da legislatura e passaram pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Em paralelo, a Comissão de Reforma Política da Câmara, cujo relator é o deputado Henrique Fontana (PT-RS), também está prestes a apresentar seu anteprojeto.
No PT e nos principais partidos que formam a base de sustentação do governo, há muita movimentação. Quem a lidera é o ex-presidente Lula, que tem levado a sério o papel que ele mesmo se atribuiu, de “embaixador da reforma”. Desde a campanha eleitoral de 2010, repete que considera imprescindível promover nem que sejam algumas mudanças nas regras que organizam o nosso sistema político. Lula tem procurado fazer com que o PT e esses partidos se entendam a respeito de duas questões básicas: o financiamento exclusivamente público das campanhas e a manutenção do voto proporcional, mas com lista fechada, na eleição de deputados e vereadores. Com os partidos médios (PSB, PDT e PCdoB), a concordância parece viável. Com o PMDB, quase impossível.
São as mudanças relevantes que ainda podem ocorrer. Algumas foram descartadas, como a queda da obrigatoriedade do voto e o fim da reeleição no Executivo. Outras devem ser aprovadas sem maior discussão, pois são pouco significativas.
O artigo de Serra tem um título revelador, “O ruim pelo pior”, e é um ataque à proposta de financiamento público, tal como está no anteprojeto do deputado Fontana. Sua tese central é que ele é pior que o modelo vigente, de financiamento misto, mesmo que esse seja admitidamente ruim.
Na crítica à proposta, dois argumentos são usados. O primeiro diz respeito à previsão de que 80% dos recursos do fundo público de campanhas sejam distribuídos aos partidos de forma proporcional aos votos que obtiveram na eleição anterior, deixando 15% para reparte igualitário entre os que elegeram ao menos um deputado e 5% entre todos (mesmo os que não elegeram nenhum).
Parece que Serra considera errado levar em conta o desempenho dos partidos no acesso a um fundo como esse. Mas qual seria a alocação correta? A de um igualitarismo singelo, que faria com que legendas artificiais tivessem os mesmos recursos daquelas representativas?
Todo sistema de financiamento em que há algum tipo de recurso público estabelece a performance passada como critério de acesso. É assim no Brasil, onde o tempo de televisão depende do número de cadeiras conquistadas na Câmara na eleição anterior.
Serra diz que isso “congela a correlação de forças”, impedindo que “eventuais mudanças nas preferências dos eleitores” tenham “reflexos nos recursos disponíveis” na eleição seguinte. Ele mesmo expressa seu temor: “que a proposta...beneficie diretamente os dois maiores partidos, PT e PMDB”. Ou seja, é contra o financiamento público por conveniência, sem discuti-lo no mérito. Se contribui para a maior transparência na contabilidade dos partidos, se permite maior fiscalização ao explicitar o que cada um tem para gastar, se reduz a pressão por doações escusas, se fortalece os partidos, não importa: o que o preocupa é o risco de seu partido seja “prejudicado”, recebendo menos dinheiro por ter tido menos votos que outros. (Ele parece não se lembrar que o PSDB perdeu votos, entre 2006 e 2010, na vigência do modelo atual, o que sugere que seu problema não se resolveria mantendo-o).
O segundo argumento é o mais usado pelos que preferem deixar tudo como está. Consiste em dizer que o financiamento público não impediria a arrecadação ilegal, pois os partidos continuariam a realizá-la.
É bem possível, mas isso não justifica considerar melhor o modelo vigente. Ou alguém acha que ele conduz à legalidade?
Não faz sentido a hipótese de que o financiamento público provoque mais problemas, que “empurre os candidatos para a ilegalidade”, como disse Nelson Jobim, citado por Serra. O que faz é reduzi-los, criando uma fonte legítima para os recursos necessários a uma campanha competitiva. Se empurra em alguma direção, é para a legalidade (o que não quer dizer que todos se comportarão da maneira correta).
O texto termina com uma frase de pura fantasia: “a redução de custos, a transparência, a maior vinculação entre eleitor e eleito e o fortalecimento dos partidos, tudo isso pode ser alcançado... (com) o voto distrital”.
Com certo atraso, parece que Serra resolveu aderir a uma campanha que a direita brasileira faz há algum tempo.
2 comentários:
“Tucanocídio” e a crise da direita
Por Altamiro Borges
A expressão “tucanocídio”, cunhada pela jornalista Renata Lo Prete, da FSP (Folha Serra Presidente), expressa bem a grave crise vivida pela oposição de direita no país. Em sua coluna de ontem, ela apresenta novas cenas das sangrentas bicadas tucanas:
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Tucanocídio, a missão
Adormecida desde a transição, a disputa entre os grupos de Geraldo Alckmin e José Serra ressurgiu com a proximidade das prévias para escolher o candidato à prefeitura paulistana. Antes circunscrito a divergências quanto à continuidade de programas de governo, o clima de confronto contaminou a base do PSDB. Alckmistas duvidam do empenho de Serra na campanha, a depender do nome escolhido. Serristas se queixam de isolamento progressivo. O recrudescimento das hostilidades preocupa o partido. Teme-se que o protagonismo da eleição na capital acabe dividido exclusivamente entre o PT e Gilberto Kassab.
Sobe-desce. Ajuda a alimentar o quadro de tensão no PSDB o diagnóstico de que a semana dos pré-candidatos terminou com viés de alta para Guilherme Afif, agora seguro da legenda do PSD, e de baixa para o tucano Bruno Covas, que se atrapalhou no Assembleiagate.
Não entendi 1. Em resposta à queixa pública de Aloysio Nunes por ter sido excluído do programa de televisão tucano, o presidente do PSDB-SP, Pedro Tobias, diz: "É estranho que ele reclame do espaço dado a candidatos a prefeito que levaram a campanha dele ao Senado nas costas em 2010".
Não entendi 2. Tobias considera ainda que criaria constrangimentos caso permitisse a aparição de Aloysio, não-candidato declarado, no palanque eletrônico da capital. "E o que eu faria com os outros quatro que assumiram a candidatura?", indaga, referindo-se a Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli.
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O “tucanocídio” deixou as entranhas partidárias nos últimos dias. As bicadas tucanas já eram previsíveis desde as eleições de outubro passado. José Serra, apesar dos seus 43 milhões votos, saiu do pleito politicamente desmoralizado. Já Geraldo Alckmin, eleito governador, partiu para desforra. Traído no pleito de 2008 para a prefeitura da capital, a sua vingança mostrou-se maligna. Os espaços do seu adversário foram reduzidos no Palácio do Planalto e no próprio comando nacional do PSDB.
Ventilador ligado no esgoto
Isolado, Serra esperneia e tenta evitar a aposentadoria precoce. A disputa pela prefeitura paulistana em 2012 virou o motivo das novas bicadas. Na semana passada, o candidato “jovem”, Bruno Covas, bancado por Alckmin, foi abatido antes mesmo de alçar vôo devido às denúncias de corrupção na Assembléia Legislativa de São Paulo – o Assembleiagate. Segundo as más línguas, Serra teria estimulado as intrigas no ninho para se vingar de Alckmin. Ele é conhecido pelas baixarias e queimações de bastidores.
Já na semana passada, o PSDB de São Paulo levou ao ar sua propaganda política na rádio e televisão. Não deu nenhuma canjinha para Serra e seus seguidores. O senador Aloysio Nunes decidiu, então, lavar a roupa suja em público. Em seu twitter, ele criticou a sua exclusão das inserções. José Serra também se queixou à direção estadual. O ventilador foi ligado no esgoto! Penas voam para todos os lados e já há que preveja que os serristas poderão até abandonar o PSDB. O tucanocídio só está começando.
Postado por Miro às 13:14
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2 comentários:
Mello disse...
Hahahahaha
Estão fechando o caixão de Serra e ele está esperneando!!!!!
serra é autor de muitos e muitos crimes no periodo da privataria.mas sómente um crime é suficiente para condenar sua memória para sempre : a promessa que fez aos norte americanos da chevron de que lhes entregariA O PRE SAL
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